
“A gente tem que ser ruim em alguma coisa. Mas ruim mesmo. O pior de todos!”
Não sei de quem é a frase. Mas certamente de um dos três maiores e mais sérios humoristas do Brasil. Se foi Luis Fernando Veríssimo, Millor Fernandes ou Juca Chaves, quem falou, não sei precisar. No entanto fecho em gênero, número e grau com o frasista.
Algumas vezes tenho pensado no conteúdo profundo destas palavras. “Ser ruim em alguma coisa...” não importa o quê. É necessário esforçar-se para cada vez mais especializar-se e piorar. Ser o primeiro – de trás para diante – imbatível. Um expert no assunto.
Ah é! Assunto? Aí vem um problema. Escolher um bom assunto para ser “o pior de todos!” Muita gente boa pára por aí. Não é fácil ser abaixo do péssimo em alguma coisa. Uminha só. Reparem: “ ruim em alguma coisa...” de preferência uma só. Não mais. Tem que ser especializado.
Conheço uma porção de pessoas, da minha relação próxima ou nem tão próxima, um montão de políticos, apresentadores de TV, jogadores de futebol, escritores, motorista, etc e tal, vou parar por aí que a lista é extensa, que se esforçam, e muitas vezes conseguem serem ruins em quase tudo que fazem. Quase sempre. Mas estes não são especialistas. São generalistas. Conseguem ser ruins no atacado, mas não são os piores em alguma coisa, digamos assim, “ao concour” em ruindade no varejo. Jamais serão indicados ao Oscar de melhor no papel de ruim. No máximo, depois de muitos anos, poderão obter um prêmio de consolação pelo conjunto da obra.
No meu caso acho que estou no páreo. Posso a qualquer momento ser indicado ao Oscar de Caligrafia Mais Feia. Eu tenho a letra muito feia. Muito ruim mesmo. A pior letra que conheço. Faço hieróglifos sofríveis. Quando menino, lembro da preocupação do meu pai. – Este guri não vai longe. Só sabe fazer garranchos.
No caso de não ir longe, apesar de não saber bem o que papai queria dizer, ele acertou. Mas daí e só fazer garranchos vai uma boa quilometragem. Sabem o que derrubou meu pai? O computador! Sim, porque agora escrevo bonito com letra de máquina. Quem está lendo, está vendo.
Voltando a letra feia, devo preveni-los de que a minha caligrafia é horrível, o que não quer dizer ilegível. Para mim isto são duas coisas distintas.
Sobre este detalhe quero elogiar um amigo meu: o Orlando. Homem inteligente. Homem bom. Grande Orlando! Muito sério e grande frasista. Aliás é dele a frase: “- Letra feia é uma coisa. Letra ilegível é outra coisa!”
hahahahahahahahahaha,
ResponderExcluirMeu amigo Bled, se assim posso chamá-lo, acertaste em cheio nesta crônica.
Abraço.