Fomos ao Uruguay encontrar nosso amigos
mineiros. Os conhecemos numa viagem anterior, e resolvemos compartilhar com
eles o passeio ao país vizinho.
Na primeira manhã livre fizemos uma
ronda ao Shopping Punta Carretas. Como tem “Punta” no Uruguay. Puntal del Este,
Punta Arenas, Punta del Diablo... punta que ... parei aí!
City tour por conta do pacote. A guia
explica como surgiu o nome do Rio da Prata. Lá como aqui em Porto Alegre, há
uma discussão. É rio? É mar? - Não! É um estuário, seja lá o que venha a
ser isso. É onde o rio alcança o mar. Em Montevidéo o Rio da Prata é
“médio-a-médio”, ou seja: meio-doce, meio-salgado, assim como um vinho uruguaio
muito bom, gaseificado, apesar da preferência nacional ser o Tannat (escrevo
Uruguay com “Y” pois lá é assim). Mais ao leste, no encontro com o Oceano
Atlântico, a água é salgada. Ao oeste, em Punta Gorda, a água é doce.
- O Rio da Prata, dizia a guia, tem
esse nome pois por aí navegavam os exploradores europeus até a base da
cordilheira dos Andes na Bolívia, em busca da prata na mítica, mas real,
Potosí. Daí o nome Rio da Prata. A própria Argentina tem seu nome ligado a esse
fato. Argenta, Ag na tabela periódica, quer dizer prata. É formado pela
junção de 3 rios: o Paraguai, o Paraná e o Uruguay. Este último é muito
importante pois dá o nome ao nosso país e nasce no Mato Grosso.
No primeiro intervalo aproveitei e, em
particular, corrigi a guia.
- O rio que nasce no Mato Grosso é o
Paraguai. O Paraná nasce entre São Paulo e Minas Gerais e o Uruguai nasce ente
os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
- Mas o libro que tengo, diz que
o Uruguai nasce no Mato Grosso.
Noutro dia ela veio simpaticamente, nos
encontrou em outro passeio, e confirmou que havia consultado os mapas. Eu
estava certo quanto ao rio Uruguai.
Uruguay, segundo os charruas, a tribo
habitava estas bandas antes do descobrimento, significa “rio dos pássaros
pintados" na língua dos indígenas. Aqui no Rio Grande, sempre se dá a
explicação de “rio dos caranguejos”. Nunca vi caranguejos no rio Uruguai.
Pássaros pintados muitos. Bem-te-vis, periquitos, pica-paus, gralhas azuis,
canários e muitos outros. Afirmo isso pois nasci no vale desse rio, quase na
barranca, e conheço o assunto.
Por sua vez, Montevidéo, tem origem no
VI Monte, viajando de Este para Oeste, que os exploradores contavam a partir da
entrada no Rio Da Prata e assim, juntando o anagrama fica Monte VI direção EO,
ou seja Montevideo!
Os uruguaios veneram muito o grande
libertador José Artigas e na praça principal da cidade há um mausoléu dedicado
a ele. No Parque Batle, próximo ao Estádio Centenário, encontra-se o
Monumento a La Carreta, obra do escultor uruguaio José Belloni é uma homenagem
ao primitivo meio de transporte e carga utilizado pelo homem do campo.
Belíssimo.
À noite fomos a casa de show El
Milongon. Começa com música típica uruguaia. A zamba, a chacarera, a milonga e
outras. Depois vem o tango. Os uruguaios gostam de frisar que Gardel, nasceu em
Montevidéo. Finaliza com o Candomble, música africana que é tradicional nesta
cidade. Lembra o nosso samba.
Boa mesmo é a “parillada”.
Gasta-se quase 1.000 pesos, entre uma boa picanha e uma cerveja Patrícia ou um
vinho no almoço. Não está barato para nós brasileiros. Com R$ 1,00 valendo
entre 8 a 9 pesos, gasta-se em torno de R$ 100,00 por cabeça.
As pessoas em Montevidéo são
hospitaleiras. Há segurança na cidade pelo menos nos locais em que andamos. No
geral me parece que o Uruguay é um País sem ambição. Sem grandes indústrias. Um
país muito ligado ao mundo da pecuária, se bem que, vi algumas plantações de
soja. Por isso mesmo, talvez, bom para quem quiser viver com tranquilidade sem
se preocupar muito com o desenvolvimento.
P.S. Esqueci de dizer que eles tomam
chimarrão o tempo todo, que nos identifica como gaúchos. Tem também erva-mate
com canabis em todos os mercados. Eu não provei, mas se acaso alguém se
interessar esteja à vontade.
Porto Alegre, 28 de janeiro de
2020.
JORGE LUIZ BLEDOW
E-mail bledow@cpovo.net
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