Jorge Luiz Bledow
Todos sabem como surgem as amizades. Muitas vezes sem data precisa, mas com uma ideia do período ou fase da vida quando elas iniciaram. Entre vizinhos, no ônibus, na escola, no trabalho, no clube. Também acontece durante um passeio e, muitas vezes, na praia.
De férias, as pessoas estão mais disponíveis, mais sociais. Assim, com tempo, sem aquela urgência, aquela pressão de segunda à sexta-feira, papo vai, papo vem, um joguinho de bola na areia, um chimarrão, uma cervejinha. Depois do mergulho, a caminhada e as amizades vão se formando.
Durante o ano até podemos esquecer-nos dos amigos do último verão, porém, na volta para a próxima temporada, instantaneamente os reconhecemos de outros carnavais. Então, ao dobrar a esquina, sempre encontramos alguém do ano passado. Paramos para uma conversinha e combinamos alguma coisa.
Aí os anos passam, se repetem os amigos. Chega um momento em que se tornam indispensáveis, fica a impressão de que os conhecemos de sempre. Surgem outros; alguns desaparecem, mas os básicos, os do peito, estarão por perto e disponíveis – sempre.
Na vizinhança, identificamos logo quem vai se acertar com a gente. Erramos algumas vezes, mas nada de muito grave acontecerá, sempre se pode evitar. Conversas cotidianas sem compromisso, urgências, nos aproximam mais das pessoas.
Se amizades levam tempo para serem solidificadas, às vezes, evaporam-se instantaneamente.
- Bom dia vizinho.
- Bom dia. Tudo bem?
- Mais ou menos. Seu cachorro fica preso à noite?
- Fica bem trancado. Ele nunca sai pro condomínio.
- Olha que ele sai!
- Não pode!
- Essa noite saiu. Veja ali na grama.
- Não pode. Nosso cachorro não faz isso.
Pronto. Grandes amizades podem ruir por um detalhe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário