sábado, 21 de março de 2020

ELOGIOS PARA O MEU BOLETIM




Claro que só podia ser a minha mãe!

Numa faxina que fizeram nas gavetas da minha mãe, minhas irmãs encontraram alguns documentos antigos, que eu já nem imaginava existir.

Só a mãe da gente para guardar com orgulho uma coisa dessas!

Dentre outros documentos, apareceu o meu Boletim Escolar da 5º série. A escola chama-se Padre Feijó, localidade de Esquina Progresso, distrito de Tiradentes, município de Três Passos, RS, ano de 1970.

Vê-se na capa do boletim que o Diretor de Ensino era Clemente Menegat, prefeito Sr Egon Júlio Göelzer e professora minha querida e estimada Olmira Dal Molin. Lembro bem de todos. O professor Clemente deu aulas para mim depois no Colégio Rio Branco de Padre Gonzales. O prefeito era professor no Colégio Ipiranga e fora nomeado pelos militares de Brasília, pois, estando Três Passos na Área de Segurança Nacional, devido a fronteira, não havia eleições nesse período. A professora Olmira eu sei que casou e mudou-se para o Paraná. Onde andará esta querida professora?

Depois, internamente o BOLETIM DE NOTAS, com sabatinas (era assim que se falava) mensais. Sempre contei histórias para meus amigos e familiares, de que eu, bom aluno que fui, cheguei a gabaritar nalgum mês todas as matérias. Eles me olhavam desconfiados, me chamavam de “gavola”. Eu não tinha como provar. Mas agora eu provo, graças a minha querida mãe que salvou este documento valioso para mim.

O Calendário Escolar era de março a junho e de agosto a novembro. Portanto 8 mêses. As notas era de 0 a 100. Nos meses de junho e novembro eu gabaritei, ou seja: 100 em Linguagem, 100 em Matemática, 100 em Estudos Sociais e 100 em Religião. Média 100! Com a prova na mão, posso me gabar mais ainda, dois meses de notas máximas.

Há uma coluna das médias de cada mês, média final por mês e por matéria. Na penúltima linha as notas dos exames onde indica peso 2 (X2). Explico, no meu tempo não havia esta barbada de passar por exame. Todo mundo, não interessando a nota, fazia exame geral, e, portanto, não tinha essa de se atirar nas cordas com um “já passei” antecipado.

A última linha das notas é da Média Geral onde verifica-se que passei com 92, em 1º lugar da turma. Desconfiei desse valor, como engenheiro que sou, refiz as médias. Percebi duas coisas: Quem calculou as médias, desprezou às frações. Portanto uma média de 92.8, no boletim consta como 92. Foi truncado, arredondado sempre para baixo; há erros de cálculos nas médias parciais e finais. Refazendo as contas considerando tudo, fico com média final geral 94, e claro continuo em 1º lugar da turma (como é bom se gabar!). Uma melhora, não acham?

Na parte interna do Boletim Escolar, que assina é o professor Hélio Zawatski. Lembro bem dele, veio substituir, bem no início do ano letivo, a professora Olmira. Onde andará o professor Hélio? Era seminarista, mas, namorador. Alguém me dá notícias? Eu sei que andou pela Cotrimaio.

Vejo também a assinatura do pai ou responsável, meu querido e saudoso pai Alberto Bledow, que me acompanha de outra dimensão. Saudade!

Mas não passei em branco sem críticas. Meu filho foi direto na nota de matemática, mês de agosto; - 85 pai? Que vergonha essa nota!

Bem, olhando melhor o boletim, tenho um 80 em religião, minha nota mais baixa de todo ano de 1970. Será que significa alguma coisa?

            Porto Alegre, 10 de fevereiro de 2020.
JORGE LUIZ BLEDOW –  E-mail  bledow@cpovo.net

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