Em 18 de março, quando
ficamos sabendo da pandemia, parecia que íamos ficar em quarentena e nada mais.
A gente pensava: - Ficar 40 dias em casa, é muito tempo! Não sei se vou
aguentar.
No início até que não
estava tão ruim. Comida caseira, sem o trânsito terrível. Tudo bem que ficamos
sem a faxineira, mas nisso damos um jeito e todos ajudam. Sem ir à academia, ao
clube, ao estádio, ao cinema, ao barbeiro e coisa e tal. Tudo foi se restringindo.
Compras no supermercado só uma vez por semana. Mas tranquilo até então.
Eu passei a ler muito,
escrever bastante. Criativo eu me achava no início. Caminhar no condomínio e
evitar comer demais. Dormir bem sestear todos os dias. Rotina até que
agradável.
Mas o tempo foi
passando. A quarentena virou 60 dias, três meses e já passamos dos 4 meses.
Quem diria. Sabemos também que a vida nunca mais será a mesma. Máscaras
incorporaram no dia a dia. Abraços nem pensar. Cumprimentos só de longe.
Festas, bailes, joguinhos, tudo está muito longe.
O que esperávamos
resolver em quarentena vai demorar muito mais. Sem vacina nada feito. Sem
aglomerações, sem rústicas, sem virada do ano, sem praia, sem carnaval, sem
aniversários, sem viagem, sem escola. E muitos sem trabalho. Sem dinheiro e sem
comida.
O almoço caseiro perdeu
a graça, deixou de ser novidade. Tenho vontade de ir ao restaurante, ao
shopping, na piscina, ao cinema. Jogar peladas, ir ao parque, viajar um pouco.
Encontrar os familiares e amigos. Jogar cartas, fazer churrasco, bater pernas
pelas ruas.
Ler está perdendo a
graça. Se foi a criatividade. Escrevo pouco e coisas óbvias como este textinho chumbréga.
Falta cabeça para pensar histórias fascinantes, mirabolantes, extraordinárias.
Não aguento mais esse: Sem!
Sem! Sem!
Ainda se fosse cem!
Dizem que vai passar!
Ah sim. Isso vai!
Mas quando?
Porto
Alegre, 25 de julho de 2020.
JORGE LUIZ BLEDOW
E-mail
bledow@cpovo.net
Ainda bem que não estava proibido tomar banho, daí sim, seria um caos...
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