CAPÍTULO V
Em direção à fronteira
Continuando nas minhas
caminhadas diárias de 5 quilômetros, no condomínio, e, imaginando, saíndo de
Porto Alegre, na direção da Argentina, por linha reta tenho que percorrer 600
Km. Fazendo as contas, 5 Km por dia, eu levaria 120 dias até a fronteira.
Pois bem. Considerando
que iniciei às caminhadas em 17 de março, hoje 05 de julho, seriam 109 dias descendo
e subindo. Fazendo às contas caminhei um total aproximado de 545 quilômetros.
Ou seja: estou quase chegando em Uruguaiana.
Nesta caminhada cruzei
a ponte do Guaíba, indo pela BR116/290, depois Eldorado do Sul, e logo em seguida
peguei à direita, sempre pela BR290, rodovia Osvaldo Aranha, em direção a Arroio
dos Ratos, Butiá e Pantano Grande.
Há poucas cidades ao
longo da BR que vai até a fronteira com a Argentina. Existem vários acessos a
cidades um pouco afastadas. Na sequência tem o trevo para Cachoeira do Sul, Bagé,
Caçapava do Sul, São Sepé, Santa Margarida do Sul e São Gabriel, estas duas últimas
lindeiras à rodovia. Depois cruza-se o Rio Santa Maria e a cidade de Rosário do
Sul, Alegrete e, por fim, Uruguaiana. Nessas altura eu estaria caminhando, mais
ou menos, na localidade de Plano Alto, tendo cruzado um pouco o acesso pela
BR377, para Quaraí, que fica na fronteira com o Uruguai.
Como todos sabem, pelas
notícias, havia uma nuvem de gafanhotos, ou langostas no castelhano segundo o
professor Cláudio Moreno, aí próximo à cidade de Curuzú Guatiá na Argentina, há
uns 130 quilômetros da fronteira com o Brasil. E vinham se aproximando de olho
no verde do nosso Pampa. Como aqui no estado alguns semeiam cevada no inverno,
havia esse perigo de ficarmos sem essa colheita do cereal precioso, e, por óbvio,
com problemas na fabricação de cerveja.
Como estou no facebook
e outros grupos, o mundo sabe da minha caminhada. E assim, a gafanhotada toda, tal qual a gloriosa
arma da Cavalaria, fez meia volta e continuou avançando sempre. A nuvem vinha na
direção sudeste, agora pelas informações, está fugindo para noroeste.
Não se sabe ainda, se
foi pela frente polar que veio, estes grilos verdes não gostam de passar frio, pelos
inseticidas que aplicaram de avião, ou então, o mais provável, pela notícia de
que este gaudério de origem, muito distante é verdade, prussiana estaria chegando
aí para dar um jeito. Quem sabe uma tunda de laço nesses bichos esfomeados.
- Mas vão se afumentar.
Vão pentear macaco, tchê!
Porto Alegre, 05 de julho de 2020.
JORGE LUIZ BLEDOW
E-mail bledow@cpovo.net
Fico a imaginar que briga feia seria, um alemão/polaco, com um relho na mão, num campo aberto, surrando uma nuvem de gafanhoto. Que imagem... Que bobagem...
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