
Sempre gostei desta expressão. Desde criança fico admirando esta gente. Moradores da costa. Da beira do rio. - Ribeirinhos - alguém dirá. Ribeirinhos não fica bem. É uma expressão meio de quem tem pena. Define melhor uma população quando atingida pela enchente.
Gente da costa, para mim, lembra a população que vive nos vales, às margens dos rios. De alguma maneira sobrevivem em função deles. Pescadores. Chibeiros. Balseiros.
Há muitos anos sempre que topo com a gente da costa, fico olhando suas maneiras, tentando entender seus hábitos. Seu ritmo de vida. Sua forma de agir tem tudo a ver com o rio.
Integrada ao ambiente não se afobam. Mantém a calma seguindo seu destino sem grandes reações. Suas faces rugosas, estampam toda a rudeza da vida sofrida, mas também passam docilidade. Incerteza, segurança. Humildade e majestade. Paciência e decisão. Bondade e firmeza. Simplicidade e profundidade. Admiro e me perco ao tentar entender estas leituras contraditórias que faço na geografia das expressões humanas.
Quietos. Inertes como o remanso. Precipitam-se nervosos nas corredeiras. Será que estas gentes são tão influenciadas pelo curso do rio? Ou será o contrário?
O certo é que moradores próximos, principalmente aos grandes rios, tem características muito próprias. Vivem suas vidinhas por anos a fio e parece que nada de diferente acontece. Igual ao rio. Passam-se décadas, e, se alguém de fora, um observador externo, volta à cena, verá grandes e silenciosas mudanças.
É assim o curso natural da vida. Curtos períodos de observações não mostram alterações. Precisa-se de um corte no tempo e se verá mudanças importantes.
Vivendo de forma simples e pacífica, o pessoal da costa tem muito a ensinar.
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