terça-feira, 31 de dezembro de 2013

AS BRUMAS DE CAPÃO

Chegamos no meio da manhã. Largamos às malas, providenciamos bermuda e chinelo, e mais que rapidamente fomos dar a nossa caminhada. Para branquelos o primeiro sol não pode ser forte nem prolongado.

A praia estava encoberta em brumas. Naquela hora não era neblina, era bruma densa e seca. Vimos de tudo: gente com laptop, outros lendo jornal, frescobol, crianças construindo palácios e canais, caipirinha e chimarrão, é claro.

Os salva vidas, com pouco trabalho, tinham que apurar a vista, as brumas dificultavam a visão. A bandeira vermelha indicava que deveríamos ter prudência. Água fria e turva não convidava ao mergulho.

O cheiro de maresia, a princípio, transformava-se em cheiro de lodo o que não era nada agradável, fazendo com que procurássemos empinar o nariz de frente para brisa que vinha além da arrebentação, com boas chances de ar mais puro.

Aos pouco o sol filtrava-se através das partículas suspensas, insistindo em queimar os ombros. Mais e mais pessoas achegavam-se nas areias a pouco quase despovoadas.

Voltamos ao apartamento, tomamos banho e saímos, já procurando sombras, em buscas de almoço. Camarões, é claro, não poderiam faltar, e estes, compunham tão bem com uma cervejinha gelada.

Lá pelas duas da tarde, ao voltar do almoço para sesta, o sol escaldante dominava a paisagem. Nada mau para um ano findante, o outro já vem, com alguns ganhos e perdas, sem uma definição clara do que foi e muito menos do que será a partir de amanhã. Provavelmente tudo segue deste jeito.

E assim transcorre o tempo e a vida sem grandes realizações e sobressaltos. O país não engrena e em marcha lenta, mas sem parar, move-se lentamente.

Espera-se que a economia imponha linhas mais claras e caminhos retos, assim como o brilho do dia, aos poucos, dissipa as brumas de Capão.


Capão da Canoas, 31 de dezembro de 2013.

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