Chegamos no meio da manhã. Largamos às malas, providenciamos bermuda e
chinelo, e mais que rapidamente fomos dar a nossa caminhada. Para branquelos o
primeiro sol não pode ser forte nem prolongado.
A praia estava encoberta em brumas. Naquela hora não era neblina, era
bruma densa e seca. Vimos de tudo: gente com laptop, outros lendo jornal,
frescobol, crianças construindo palácios e canais, caipirinha e chimarrão, é
claro.
Os salva vidas, com pouco trabalho, tinham que apurar a vista, as brumas
dificultavam a visão. A bandeira vermelha indicava que deveríamos ter
prudência. Água fria e turva não convidava ao mergulho.
O cheiro de maresia, a princípio, transformava-se em cheiro de lodo o
que não era nada agradável, fazendo com que procurássemos empinar o nariz de
frente para brisa que vinha além da arrebentação, com boas chances de ar mais
puro.
Aos pouco o sol filtrava-se através das partículas suspensas, insistindo
em queimar os ombros. Mais e mais pessoas achegavam-se nas areias a pouco quase
despovoadas.
Voltamos ao apartamento, tomamos banho e saímos, já procurando sombras,
em buscas de almoço. Camarões, é claro, não poderiam faltar, e estes, compunham
tão bem com uma cervejinha gelada.
Lá pelas duas da tarde, ao voltar do almoço para sesta, o sol escaldante
dominava a paisagem. Nada mau para um ano findante, o outro já vem, com alguns
ganhos e perdas, sem uma definição clara do que foi e muito menos do que será a
partir de amanhã. Provavelmente tudo segue deste jeito.
E assim transcorre o tempo e a vida sem grandes realizações e
sobressaltos. O país não engrena e em marcha lenta, mas sem parar, move-se
lentamente.
Espera-se que a economia imponha linhas mais claras e caminhos retos,
assim como o brilho do dia, aos poucos, dissipa as brumas de Capão.
Capão da Canoas, 31 de dezembro de 2013.
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