Jorge Luiz Bledow
Andando de carro pela avenida Ipiranga, vi uma cena interessante: - um pescador no meio do arroio Dilúvio!
Vocês sabem aqueles barramentos no arroio Dilúvio que vão formando pequenas quedas d’água de trechos em trechos? Devem ser para oxigenar um pouco as águas tão maltratadas. Ali, em cima de uma pequena barragem, bem no meio do arroio, na correnteza com águas na meia-canela, usando um sarrafo com um prego na ponta, o morador de rua, provavelmente um papeleiro, pescava.
Com a ponta do prego, com rara habilidade, fisgava e depois jogava na margem o produto de sua labuta. Catava alguns “peixes” menores, outros maiores arremessando-os na grama, para depois jogá-los no carrinho e, provavelmente, vender a peso para algum atravessador.
Os peixes eram garrafas “pet” que nós todos, deseducadamente, relaxadamente, lançamos nas ruas, nas calçadas, jardins e praças e que, invariavelmente acabam nos bueiros, sarjetas e córregos.
Coitado do arroio Dilúvio, tão mal tratado, serve de descarte às nossas necessidades. Joga-se tudo no arroio, sofás, sacos plásticos, papéis, pneus. O esgoto “in natura”, é lançado no Dilúvio. E ele resiste! Prova disso que haviam, eu vi com esses olhos que a terra há de comer, algumas garças brancas pousadas e com o “olho vivo”, nas águas, decerto para fisgar alguma coisa e matar a fome. São tão graciosas essas aves!
O pescador, nem tão gracioso, pegava peixes pequenos, garrafinhas de meio litro e peixes maiores, litrões de plástico. Boa ideia essa do papeleiro, quem sabe da próxima vez ele arma uma rede e aumenta a produção.
Só falta alguém p
roibir alegando falta de cadastrado no sindicato ou alvará. Ou então, algum eco-chato, aventa a possibilidade da “piracema pet” estar acontecendo, portanto, neste período a pesca é proibida pelo ibama.
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