Jorge
Luiz Bledow
A perfeição existe? Claro que existe. É
bem difícil atingi-la, mas que ela existe, existe!
O que muito se ouve a toda hora é essa
patrulha do politicamente correto. Isso é chato, chato prá daná!
Ninguém fala o que pensa, ou melhor,
ninguém pode falar o que pensa. Expressar uma opinião assim ao natural, de cara
limpa, sem produção, sem assessoria de imprensa, tornou-se pecado.
Eu pergunto: - alguém está aí para pecados? Esses pecadinhos veniais,
digo.
Ser educado, comportar-se socialmente de forma adequada, não falar “nome
feio”, como dizia minha avó. Respeitar os mais velhos, os mais novos e os da
mesma idade, acrescento eu, é muito bom e deve ser incentivado. E mais até,
deve ser ensinado, e ainda é, em muitas famílias, escolas, locais de trabalho.
Nas redes sociais as
pessoas se abrem, desabafam, escancaram intimidades. Eu, guri vindo do
interior, fico até envergonhado de ver tanta exposição pessoal. Corre-se o
risco de ficar sabendo da separação do casal de amigos, antes do próprio casal
decidir. Acontece mesmo, há uma desavença e um dos dois comenta no facebook.
Lança a fofoca e aí é abrir um travesseiro de penas ao vento, em cima da
montanha, em dia de vento norte.
Essa coisa de politicamente correto é chata. Por outro lado, confundir
espontaneidade com escancaramento da vida doméstica, é passar dos limites. Em
tudo que se diz, em tudo que se faz, há de ter-se equilíbrio. Difícil explicar,
avaliar. Na dúvida não se diz, não se fala. Ouvir mais ajuda. Definir a faixa
de atuação muitas vezes não é fácil. A regra é viver e conviver, sem reservas
extremas, sem exposições máximas. Assim vai-se aprendendo e achando o tom certo
nos relacionamentos sociais, familiares, profissionais e outros “nais”.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, diz o ditado. Vejam nosso velho e
saboroso sagu. Conheço algumas cozinheiras, ou doceiras, que fazem o sagu
perfeito. Todas as pérolas cozidas no ponto certo, separadas sem colar umas nas
outras, o vinho, o açúcar na porção certa, a canela em ramo, os cravos para dar
aquele gostinho, ou seja, tudo na medida.
A especialista fica espreitando a gente servir-se da sobremesa e ouvir
elogios. No entanto, como não gosto de tudo perfeitíssimo, prefiro um sagu com
um pouco de grude entre as bolinhas.
Esse sim, para mim é o sagu mais-que-perfeito, como a vida!
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