Jorge Luiz Bledow
O Nando Gross, um apresentador e comentarista esportivo da rádio gaúcha, tem um personagem, o ET, e quando lhe é perguntado qualquer coisa, após um breve silêncio, invariavelmente responde: – Eu não sei!
Inteligente e criativa a sacada do Nando, aliás, parece que até discussões sobre os direitos autorais do ET, já houveram, que só repete o bordão – Eu não sei!
Quando eu era mais jovem, já estou nos enta, principalmente quando estudante, eu sabia de tudo. Qualquer assunto, qualquer pergunta que me fosse dirigida, alguma coisa eu sabia, algum pitaco eu dava. Não conseguia ficar quieto e fingir que nada sabia. Eu sempre sabia tudo e lascava alguma coisa espalhando chumbo, tentando acertar o alvo.
Os anos passaram eu fui aprendendo, e parece incrível, hoje em dia, quando deveria saber mais, tenho muitos “não seis”. Não tenho vergonha, aliás, não hesito, na dúvida eu solto um: - Eu não sei! Isso que, pelo menos que eu saiba, não sou um ET e nem brigo pelos seus créditos.
Não é demérito, não é menosprezo, dizer um não sei. O que eu não sei é se o interlocutor às vezes não desconfia que o nosso não sei, não é tão não sei assim. É desinteresse. É uma forma polida de encerrar o assunto que está se tornando chato. Quando a gente não quer saber, quer acabar com a conversa, se solta um leve e despretensioso, quase imperceptível: - não sei!
Em outras ocasiões, quando a discussão fica quente, ou quando nos tentam apertar, encurralar, expressamos um forte e sonoro: - E-uu n-aão see-ii!
Assim o não sei pode ser sincero, humilde, orgulhoso, cínico, preciso, ranzinza, grosso, tudo depende do momento e da entonação em que será pronunciado.
Em todo caso se perguntarem para explicar melhor, eu direi: - Eu não sei!
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