domingo, 6 de junho de 2010

Prefácio

Lançamento

FIGOS MADUROS
de Jorge Bledow




Prefácio


UM HOMEM DO INTERIOR


Faz quanto tempo que conheço Jorge Bledow? Sete, oito, dez anos? Seria mais ou menos por aí na contagem cronológica. Acontece que o tempo medido em minutos, dias ou séculos desconhece a palavra afinidade. E, percebida a afinidade – algo que se dá no imediato –, tudo ganha outra proporção. Por isso afirmo: conheço Jorge Bledow desde os meados da eternidade. Aprecio sua companhia e convivo com sua família naquela sem-cerimônia que só os parceiros de longa data são capazes. Mesmo que no passado estivesse eu na Capital, ele no Interior, trilhávamos caminhos que se fizeram reconhecidos em prosas para além de agradáveis. E a prova disso, como se alguma prova fosse necessária, encontrei nas páginas deste Figos maduros. Não por acaso, um livro dedicado ao gênero praticado por ambos ‒ a crônica.

Vinícius de Moraes definia a crônica como sendo uma conversa fiada. Afrânio Coutinho dizia ser ela a finura e argúcia na apreciação, a graça na análise de fatos miúdos e sem importância. Aí está justamente aquilo que mais me animou ao conhecer Jorge, e que pode (deve) ser conferido nas páginas de Figos maduros: o olhar atento de quem jamais se furta na hora da opinião, de quem busca o sentido nos acontecimentos e, claro, de quem permite sua emoção aflorar. Também encontramos nas páginas deste livro o leitor atento e generoso, disposto a dividir conosco seus achados em incursões pela literatura nacional e internacional. Por fim, e principalmente, identificamos o homem tão preocupado com seu legado quanto com sua história; com passado e futuro tecendo um só pala para aquecer nosso corpo diante do frio que domina as relações.

Figos maduros traz, página por página, a marca do interior. Por um lado, o Interior do Estado do Rio Grande do Sul, terra fértil que vê nascer figueiras para nomear o livro, ou a bergamota elevada pelo autor à Fruta Símbolo dos gaúchos. Seu orgulho em ser lá de fora, tido e criado na área rural de Três Passos, nos encanta e contamina. Ao ler descrita cada volta sua ao solo da meninice, somos um pouco crianças encantadas com lugares mágicos. Por outro lado, aflora outro interior: aquele da alma, tesouro nascido entre o coração matuto ‒ segundo define-se o autor ‒, e o cérebro já urbano, ainda e cada vez mais ávido por descobertas. Abandonando a confortável contemplação, Jorge aventura-se na tarefa de interpretar o que nos rodeia, lançando aquele olhar de soslaio, humorado e puro, autêntico apenas em quem viu de perto nascentes de água cristalina, bicho solto no mato, roseta fincando o pé.

Todo cronista assim o é por não caber em si, por transbordar. Em Figos maduros, Jorge Bledow derrama humanidade, perspicácia e beleza. Transforma cenas minúsculas, impressões passageiras e cacos de vida em literatura. Abre uma janela para nosso próprio interior, fazendo-nos contemplar paisagens esquecidas pela pressa. Bastaria isso para estar agradecido em prefaciar o livro. Mas há mais: o profundo e imorredouro respeito por um homem de bem. Nosso encontro, necessariamente definido pela atemporalidade, chega a bom termo justamente aqui: diante de textos crônicos, doentes do seu tempo, como define o mestre Affonso Romano de Sant’Anna. Um contrasenso? Não sei... Preciso perguntar ao Jorge sua opinião!


Rubem Penz, escritor
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O cronista se expõe, como todo mundo que escreve, mas de forma mais direta, e, assim, como quem não quer nada, fala de si, de seu mundo, de seu tempo, de suas emoções, do macro ao micro em um zoom, e tudo isso como se fizesse confidências ao pé do ouvido de quem o lê. Eis a suprema qualidade do gênero, penso eu, carregar em si o calor humano e a afetuosa e sempre distinta visão do autor.

Em Figos Maduros, Jorge Bledow nos contempla com suas idiossincrasias, reflexões, experiências, registrando nestas páginas um pouco de suas vivências, com poesia e generosidade. Um homem em sua madureza falando de pomares, pássaros, cidades do interior, ribeirinhos; iluminando assuntos e passagens através do registro daquilo que viveu e sentiu.

Em tempos de urgências inventadas, superficialidades, indiferença, resgatar a experiência do encontro é sempre gratificante. Um encontro sem hora marcada, sem pressa, sem preconceitos, e pleno de descobertas, estranhamentos e identificação. Um encontro através da palavra, suas evocações e imagens, e, ao mesmo tempo, profundamente humano, como só a literatura pode proporcionar.

Monique Revillion, escritora

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A delícia da crônica é o tanto de metafísica que é capaz de acrescentar ao cotidiano, ontem tão corriqueiro, e, hoje – graças ao poder da literatura e ao trabalho do artista – transfigurado e digno. A crônica ilumina frestas, engrandece pequenezas, torna solenes as pequenas vitórias.

Um conjunto de crônicas, um livro, é uma casa de cristal assentada, firme, nas pedras de uma infância onde todas as utopias foram possíveis. Para Jorge Bledow, autor, as utopias ainda estão no horizonte, e a criança não foi esquecida.
Os figos estão maduros: saboreie-os, caro leitor.

Valesca de Assis, escritora
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JORGE LUIZ BLEDOW nasceu em Três Passos, no Noroeste do Estado do RS – uma cidade moderna com a marca da amizade e da hospitalidade – em 1958. Hoje mora em Porto Alegre. É engenheiro civil, formado pela UFRGS, e empresário, atuando em topografia e projetos. Muito cedo, para ajudar a família, começou a trabalhar como agricultor; depois fez carreira militar como topógrafo na Cartografia do Exército.

Ávido leitor, sempre buscou nos livros o conhecimento e o estímulo para driblar as dificuldades da vida. Quando criança lia revistas de histórias em quadrinhos de “segunda mão,” o jornal que embrulhava sementes, enfim, o que caía em suas mãos. Mais tarde, leu com entusiasmo os livros da biblioteca/Kombi ambulante que ia às escolas rurais.


Na juventude passou a ler os clássicos, e muitos outros gêneros literários.
Com o passar do tempo, o leitor apaixonado - fã do norte-americano John Steinbeck, autor da obra-prima As Vinhas da Ira – começa a escrever. Participou da oficina de crônicas de Ivette Brandalise, em 2001, e da oficina de contos de Charles Kiefer, em 2004, quando foi colaborador na antologia “Os 101 que Contam”.

Desde então, não parou mais de escrever, buscando inspiração nos acontecimentos cotidianos e nas lembranças da infância.

FIGOS MADUROS é seu primeiro livro.
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Serviço:
Livro: FIGOS MADUROS
Autor: Jorge Bledow
Ilustrações: Tacho
Projeto gráfico: Raquel Castedo
Editora: Literalis
Assunto: Crônicas
Páginas: 152
Preço de capa: R$ 25,00
ISBN: 978-85-88709-45-4

Contato autor – Jorge Bledow – Fones 32619402 – 91913349
Contato Editora – Lóris Brissac – Fones 3332-0279 – 9972-4207

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