sexta-feira, 7 de maio de 2010

A turma do lobo mau


Março de 1972. Implantou-se a reforma do ensino. Sem Exame de Admissão ao Ginásio, veio o Ensino Fundamental da 1ª à 8ª séries.

Assim como eu, muita gente aproveitou o embalo e matriculou-se na 6ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL!

Muito bem. Cá estou eu, ou melhor: eu e mais 64 alunos na primeira turma noturna da 6ª série do Colégio CNC Rio Branco, na Vila de Padre Gonzales.

Este número elevado de estudantes criou problemas de espaço para a escola. Ainda funcionariam às 2ª, 3ª e 4ª séries do Ginásio até se extinguirem.

A saída foi colocar a 6ª série no Pavilhão de Festas da Igreja, um galpão com churrasqueira e copa, onde fomos acomodados nas mesas e bancos compridos. Até parecia festa. Só faltava o churrasco.

Ninguém gostou. Com o tempo a gente foi se acostumando e até tínhamos uma série de vantagens e divertimentos.

A escola apostava de que pelo menos a metade dos “colonos” desistiriam lá pela metade do ano quando o inverno chegasse. Moravam longe e as estradas com “baro vermelho” eram terríveis. Sendo assim, com menos alunos daria para conduzir à turma.

A maioria eram “colonos” assim como eu. Vinham das escolas rurais do interior de Três Passos, de ônibus, de “rural Willis”, de bicicleta, de “a pé” e até a cavalo. Deixavam o “matungo” pastando longe do colégio, pois pegava mal.

Havia na turma um grupo especial. Era o pessoal da “Vila do Miúdo”. Malandros perto de nós “colonos”. Conheciam à escola e os professores pelos apelidos. Esse grupo dava o que falar. Lembro de alguns: “o João-Cadela”, “o Kiko”, “o Monteiro”, “a Nica”. Cada um dá um capítulo inteiro, ou melhor: o “João-Cadela” dá um livro e ainda sobra assunto.

Apelidos foram surgindo. Assunto do maior interesse era descobrir os apelidos dos professores. Hahã!... Talvez eu cite alguns. Não sei se devo!

As aulas, além de não serem chatas, não eram nada convencionais. A melhor parte eram os intervalos, é claro.

Eu tinha que satisfazer três condições para continuar estudando. Meu pai dizia:- Tirou nota vermelha, rodou ou namorou! Já sabe: ACABOU!

Assim eu fui me esforçando ao máximo para aprender tudo. (Principalmente com meus colegas da Vila).

Com poucos professores, alguns lecionavam várias matérias. Português e Educação Artística, eram acumuladas pela professora Elvídia Pinto Zanin.

Iniciou apresentando-se. A seguir um por um fomos se apresentando, respondendo à Professora:

- Nome?

- Ênio Héenn (com sotaque carregado).

- De onde és?

- Da Floresta.

- Mas então tu és o Lobo-Mau! Completa a Professora.

Gargalhada geral. Ninguém se conteve. - Quem é da Floresta só pode ser o Lobo-Mau.

O apelido pegou. O Ênio passou a ser chamado de Lobo-Mau e o irmão de Lobinho.

De todas às aulas que eu assisti na minha vida, esta foi a mais interessante!

E assim ficou A TURMA DO LOBO-MAU!

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