sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sonhos sonhados I


Todos nós sonhamos e dizem os psicanalistas que precisamos sonhar. Não estou falando de desejos, pensamentos, que também são necessários e muito importantes. Estou falando de sonhos sonhados, sonhos durante o sono, quem não os tem?

Dizem-se muita coisa sobre os sonhos e eu como leigo apenas faço meu relato pessoal. Pode até ser que alguma pessoa tem sonhos parecidos com os meus, alguns dos quais passo a descrever.

De modo geral posso dividir meus sonhos em: sonhos que se repetem e sonhos eventuais. É uma classificação minha, portanto não científica.

Entre os que se repetem eu tenho três sonhos muito presentes comigo.

O primeiro é aquele em que tento frear o carro, mas meu pé não alcança no freio e na eminência da batida eu sempre acordo assustado. Repete-se de vez em quando, semanalmente talvez, causando aflição.

O segundo – eu sempre sonho que estou que estou voando. Vejo às casas, os prédios, os postes, carros e pessoas de cima. Faço uma força, não sei da onde tiro, e consigo flutuar planando suavemente. Sinto-me bem nesse sonho, ao contrário do primeiro que me causa medo, e não lembro como termina. Em geral não acordo. O significado tanto deste como do anterior eu não sei. Aceito explicações.

O terceiro sonho que se repete comigo, uma vez por semana, uma vez por mês, às vezes não repito o sonho por uns três ou quatro meses, mas, mais cedo ou mais tarde, pode levar até seis meses, ele volta à tona. È o seguinte – eu sonho com meu avô Guilherme que faleceu há mais de 25 anos. É um sonho suave e tranqüilo. Não me causa medo, pelo contrário, fico calmo. Sempre vejo meu avô me olhando com o semblante orgulhoso. Sorrindo s e, parece, aprovando meus atos. Noutro dia, vi meu avô conversando com um amigo meu, falecido há uns 10 anos. Meu avô de chapéu de feltro de abas largas, chinelos de couro, com um relógio de bolso daqueles de corrente de prata, sentado à mesa de madeira comprida, com as mãos cruzadas, assim como quem reza, entre os joelhos. Meu amigo do outro lado apoiando os antebraços na mesa, batendo um papo com meu avô. Detalhe: os dois não se conheceram em vida, mas tinham em comum esta habilidade de conversar hospitaleiramente. Meu avô era mais calmo, o meu amigo nem tanto. Mas agora, no sonho, me passam a impressão de não se preocuparem com o tempo, e noutra dimensão, têm a eternidade pela frente. Foi essa a impressão que me passaram, de tranqüilidade, sem pressa... Conversando vagarosa e sorrateiramente, sem hora para morrer. Lembro-me daquela velha frase batida – cada vez mais os mortos comandam os vivos. Mesmo assim meu avô tirava do bolso o relógio de prata, talvez por hábito, e o consultava de vez em quando.

Não afirmo que acredito ou não, em reencarnação ou vida eterna. Por natureza sou cético, mas também não duvido de quem acredita. Ainda não formulei uma idéia muito clara. Sonho com meu avô, de vez em quando e com isso sinto-me bem.

Assim a morte já não me assusta tanto.

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