sexta-feira, 7 de maio de 2010

Meu tio



Meu pai é mais novo dos irmãos. Eram quatro irmãos – o Martim, falecido, o Fritoldo, o Willi e o Alberto meu pai. Mais a irmã Linda, minha madrinha. O tio Martin eu não conheci, ele faleceu em 1940 quando meu pai tinha cinco anos de idade.

O tio Fritoldo é o mais tradicional; levanta às 5 da madrugada, tem o porão da casa, o galpão, lenha empilhada e às coisas no pátio tudo sempre em perfeita ordem. Almoça quinze para o meio-dia, janta às seis e meia da tarde e nove horas da noite está no segundo sono.

O tio Willi foi caçador e pescador quando mais novo, portanto, tem estórias. Ele mora no Paraná, assim com o Fritoldo. De tempos em tempos visito meus tios. Certa feita ao visitar meu tio Willi e meus primos, em Marechal Cândido Rondon, ele queria saber se eu tinha ou não tinha namorada. Acontece que no interior o pessoal casa cedo e eu nesta época estava com 35 anos de idade e solteiro, para ele incompreensível ficar solteiro até essa idade. Ficou me rodeando e sempre que podia indagava – e a namorada? – Estou sem ninguém no momento, eu respondia. Mas ele não se conformava achando que eu não queria contar-lhe. Vira e mexe e ele vinha com a mesma pergunta.

Eu pensei: O que posso fazer para meu tio acreditar em mim e largar meu pé? Esperei a oportunidade e quando tio Willi veio novamente, resolvi apelar para o orgulho da família, a honra e devolvi sua indagação com outra pergunta. Quando me perguntou eu entrei de sola:


- Tio, o senhor por acaso alguma vez já viu um Bledow mentir?

- Ele me encarou de soslaio e ficou quieto, pensando. Pensei, encurralei meu tio; agora ele vai parar de me encher o saco e não me pergunta mais. Passaram-se alguns segundos em silêncio e o tio me saiu com esta:

- Nesse assunto de mulher sim!

Um comentário:

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