sexta-feira, 7 de maio de 2010

A flor do Ipê


Dia 21 de junho de 2005, andando pela rua, na avenida Ipiranga, aqui em Porto Alegre, vi um ipê roxo cheio de flores. Na hora me deu um estalo – isso só pode ser um sinal!

É muita coincidência, justamente no dia 21 de junho, dia mais curto do ano, noite mais longa, quando às 3:46 da manhã inicia o inverno no hemisfério sul, exatamente no horário citado ocorria o solstício de inverno, e eu vejo um ipê roxo florescente. Alguma coisa tem. Isso tem!

Para mim, que venho de fora, do interior, a natureza está cheia de sinais. Ela nos manda mensagens antecipadas, de coisas boas ou ruins que vão acontecer. O grande problema é saber interpretar estes sinais no seu devido tempo. Concluir depois, com resultados conhecidos, qualquer um sabe. Se bem que, aqui na cidade grande, perde-se as referências. A natureza, mesmo maltratada, segue seu curso e manda avisos, mas nós já não estamos atentos o suficiente. Morando no campo, na roça, a troca com o meio ambiente era mais ativa e assim a comunicação muito melhor.

Mas um ipê cacheado de flores bem no início do inverno? É de se pensar...

Este ano o inverno custou chegar e pelo jeito nem chegou tão convicto. Esperávamos mais rigor. Depois de tanta espera tinha que vir mais frio. Esperar para ver. Mas, e o ipê?

Mudando do “saco para mala”, em Brasília o clima anda agitado. O Clima político, para deixar bem claro. A CPI começou “botando pra quebrar”, acho, no entanto, que o susto inicial já passou e que talvez esta CPI seja igual à tosquia de porco – “muito grito e pouca lã”, como dizem lá na fronteira, ou quem sabe “cachorro que muito late não morde” e “enquanto os cães ladram a caravana passa”. Tudo serve, encaixa e, ao mesmo tempo, confunde. Samba de crioulo doido.

Voltando aos sinais do tempo e aproveitando – “bugiu que grita no mato, quer chumbo”, diz o ditado, que também se aplica neste caso. Ou não?

Desculpem-me. Estou confuso e diletante. Ando “batendo biela” e talvez misturando as estações. É que com essas mudanças todas, esses troca-trocas, isso de quem era a favor agora é do contra e quem era do contra agora é a favor, pode ter afetado até a natureza, ou muito antes ao contrário, parece jogada ensaiada. Instalou-se um clima de “vale a pena ver de novo” e, pelo que se nota, só mudaram as moscas.

- E o ipê?
- É verdade, eu já ia me esquecendo do ipê roxo cheio de flores aí na Ipiranga.
- Sabem o que é? Se não me engano, depois que floresce, podem plantar milhos, que geada e neve este ano não tem mais. O ipê florido anuncia um inverno ameno.

Ou será que estou no outro hemisfério?

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