Se lembro? Claro que lembro quando
foi me apresentado o teodolito! Turma de formação
de sargentos topógrafos, em 1979 no Curso de Topografia, na EsIE, em
Realengo/RJ.
Quem apresentou foi o então capitão
Almeida, com seu jeitão apaisanado, bonachão, jeitão de carioca apesar de ser
paranaense, voz empostada, como que a vender uma joia rara. Ele colocou o
estojo verde esmaltado sobre a mesa, afroxou os prendedores da alça, tirou a
tampa e, sacou o aparelho com cuidado.
Nós alunos, ávidos por conhecimentos
nem imaginávamos da importância do equipamento na vida profissional dos
topógrafos, agrimensores e outros que atuam nesta área técnica.
O capitão Almeida tratava com todo carinho
o aparelho. Seus dedos faziam movimentos suaves, porém precisos no manuseio.
Explicou o que era um teodolito, suas partes principais, seu funcionamento e
sua função.
- Este trambolho, tem dois eixos e
dois limbos: o horizontal e o vertical. Tem base de fixação. Parafusos
calantes, luneta, micrometros de chamadas, de fixação e de focagem. Bolha de
nivelamento e visor de centragem ótica, uma modernidade para época. A lente amplia 28 vezes. Dentro da luneta
existem retículos que servem para fazer a pontaria e leitura de ângulos. Era um
tradicional T1A, da marca Wild com leitura direta de 20’ e interpolação.
- Um teodolito mede ângulos,
horizontais e verticais. A distância inclinada, pode ser obtida indiretamente
pela leitura dos fios estadimétricos, médio, superior e inferior, por uma
relação e proporção de triângulos.
Falou em alidade, nadir, zênite, arrastamento,
curvatura, reverberação, e outros termos novos para nós jovens e entusiasmados
aprendizes. Com seu discurso o instrutor cativava. Sabia ocupar a cena. Dar a
deixa. Criar suspense.
Frases de efeito, era com o capitão
Almeida, e, entre elas, eu lembro de uma que trago guardada na memória:
“- O teodolito está
para o topógrafo, assim como o fuzil está para o infante!”
Porto
Alegre, 06 de agosto de 2017.
Jorge Luiz
Bledow E-mail: bledow@cpovo.net
Gostei da crônica, Bledow. Abraço, colega cronista.
ResponderExcluirEstou aqui a pensar que em 1979, enquanto eu, habitante da Amazônia Brasileira, concluía por correspondência o curso Supletivo de 1º Grau do Instituto Universal Brasileiro (IUB) e era dispensado do Serviço Militar (por residir em Município não tributário, fui incluído no excesso de contingente), você já cursava Topografia, na Escola do Exército, no Realengo.
Coisas da vida, diferentes oportunidades. Eu sempre quis ser militar, mas fui incluído no excesso de contingente. Segui a vida civil e sempre fui considerado Caxias pelos mais próximos. Alguns até me chamavam de linha-dura. Bobagens, claro. Eu só quis sempre ser correto nas minhas atitudes, nada mais.
Parabéns pela crônica!
Bledow!Conheci o Poderoso Cap Almeida. Geodésia com o TC Santos Jr. E vc escondeu onde o Nicoletti....
ResponderExcluirVocê não tira a tampa e saca o aparelho. Você saca a tampa e o apalhelho está ali, sem precisar ser sacado. Detalhes. Fui "apresentado" o teodolito aos nove anos pelo meu Fredolino Bourscheid .
ResponderExcluirBelo texto amigo Bledow, mas eu ainda sou do tempo emque os alunos eram apresentados a um tal de: DF
ResponderExcluirVasconselos, de imagem direta , e sua leitura se dava atraves de um tal de ( V E R N I E R) , e para apurar a aproximação , usava-se uma lupa. Como vês, estás lidando com um quase Jurasico! Um abraço. Moreno.