Dentro do
meu cérebro, tem uma bússola, ou, talvez, alguma sinalização magnética tipo
pombo correio, que sempre volta ao lugar onde nasceu.
Agora,
pela primeira vez na vida, vim a Big Apple. Antes do avião pousar no JFK, o
comandante avisou: 58 graus Fahrenheit, chove em Nova York. Depois a aeromoça
comentou: Nova York sem chuva, não é Nova York.
Apanhamos
o transfer que nos levou até o hotel na ilha de Manhattan. Michele, a motorista
com nome de primeira dama e brasileira, se queixou do trânsito naquela hora, em
torno de nove da manhã. Tentou acessar a ponte, tudo engarrafado. Carros,
muitos carros. Digo, carrões, pick-ups e caminhões. Os americanos adoram gastar
gasolina. Ônibus vimos poucos. Aqui se
anda muito de metrô, emenda a primeira dama. Ops! Michele. Com os acessos à
ponte lentos, viemos pelo túnel. Paga-se pedágio, mas, o trânsito estava bem
melhor.
Quando
saímos do subterrâneo e acessamos Manhattan (andar por baixo do rio me deixa
confuso, gosto de estar sempre orientado), afirmei: A nossa esquerda é o norte e a direita o sul.
- Não,
claro que não. Justamente o contrário, corrigiu Michele.
Deixamos
as bagagens na recepção e saímos para almoçar. Chovia e decidimos comprar dois
guarda-chuvas. Numa loja de quinquilharia, por cinco dólares, adquirimos
proteção.
Depois
entramos num restaurante que tinha de tudo. As comidas eram lindas, enfeitadas.
Pizzas, peixe, carnes, verduras, frutas, comida chinesa, camarão, panquecas e
até hambúrguer. Serve-se num box de
isopor, pesa-se no caixa. Não é caro. Apanha-se talheres de plástico e manda
ver. O diabo de tudo isso é que tem um tempero diferente. Deve ser coreano. A
comida não é ruim, mas, tem um gosto enjoativo. É de ser ver os peixes inteiros
assados, decorados com tomates, salsas e pimentões. Sobre tudo eles põem um pó
vermelho. Cada prato mais lindo. Porém,
na hora de colocar na boca dá uma certa decepção: condimentos exagerados e
picantes.
Saímos
dali debaixo de chuva. Voltamos ao hotel e nos acomodamos.
- Tomara
que faça sol amanhã.
- Vamos
passear, faça chuva, faça sol. Shoppings são cobertos, diz minha mulher.
Senti que
ela tivera medo de que eu a censurasse. *
-
Museus também. Antes preciso me orientar. Cadê o diabo do norte?
Jorge Luiz Bledow, NY, 25 de maio de 2017.
Para nós, que vivemos no Hemisfério Sul, o Sol sempre passeia pelo lado do Norte. Principalmente para quem está acostumado a morar abaixo do Trópico de Capricórnio (o ponto mais distante do Equador, por onde o Sol se mostra vertical). Os Trópicos estão se afastando do Equador do Equador Real a uma velocidade de 14 m, a cada ano (Cerca de 00:00:00,012 graus de Latitude). Isso torna os invernos e os verões mais fortes (frios ou quentes) em cada Hemisfério. Lá no Norte, a trajetória do Sol é um arco, da Esquerda para a Direita. Cá, é ao contrário. É por isso que o Sentido Horário, que foi estabelecido no Norte, gira para a direita lá, o que torna errado o sentido horário de cá, que deveria acompanhar a trajetória visível do Sol, da Lua e dos demais astros. Para Topógrafos brasileiros, acostumados à orientação solar, deve ficar mesmo esquisito, ver o rumo dos astros, e é natural trocar o N pelo S. Aqui no Ceará, onde o Sol quase não muda de direção, pois estamos a 2º L S, fica mais fácil. O que incomoda é que, no Verão, o Sol ilumina a frente da casa, e no Inverno, ilumina o quintal. Isso me faz mudar o local do forno solar. Mas é bom, para ativar os neurônios.
ResponderExcluirVicio da Profissão é sempre estar orientado pelo Norte. Abraço .
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