Minha mulher me mandou a fotografia abaixo,
dizendo – tu que gostas de escrever, veja esta foto. Tem um mundo para imaginar,
descrever e pensar sobre os elementos nela retratados. Um desafio e tanto!
Pela imagem podemos ver em primeiro plano uma escultura em pedra. Uma figura
feminina em posição fetal. Mais ao fundo, noutro plano, vê-se um peitoril de
uma janela de tijolos a vista, uma moldura de reboco, em vermelho pagode. Na
moldura vermelha, uma orquídea lilás, no alto um pequeno vaso achatado de
parede, tudo preso a um suporte de madeira.
No peitoril da janela um vaso azul, que pode ser de argila, à direita,
com uma orquídea que tem várias hastes com folhas e principia a florescer. Flores
amarelas bem miúdas. Explodindo em beleza, derramando cores e graciosidade nos
próximos dias.
Ainda na janela, parcialmente fotografada, na posição à esquerda, alguns
candeeiros ou lamparinas, usadas para decorar, provavelmente de procedência
chinesa, tudo a ver com o vermelho predominante.
Na janela ainda se pode ver parte da esquadria em madeira, na cor
canela, o vidro da vidraça refletindo a paisagem circundante e isto tudo
sobreposto por uma grade de ferro, cuja cor lembra zarcão anti-ferrugem.
Onde minha mulher quis chegar? Onde estará a tal profundidade, o mundo
que se abre, que ela propalou? Estará nas cores? Nas flores? Nos elementos
vivos e mortos do quadro? Sabendo, mis ou menos, o que ela pensa, acho que ela
se refere a aparente contradição, ou combinação, de elementos naturais e
artificiais? A vida. A morte. Passado, presente, futuro?
Pode ser também a contraposição, (ou será fusão?) do lado de fora e o
lado de dentro. Explico melhor: Os elementos externos à janela e à parede, o
vaso, as flores, as lamparinas, a orquídea, e o lado interno, no caso a
paisagem capturada? É um mundo a desafiar. Metaforicamente o ambiente externo,
- por definição livre, está preso, refletido na vidraça, atrás das grades.
Será que é a metáfora da liberdade e da vida?
Porto Alegre, 14 de março de 2017.
Jorge Luiz Bledow
Já havia lido, outra hora, esta crônica.
ResponderExcluirRealmente desafiadora. Imaginativa. Há inúmeros elementos.Entre eles, descrevo a tendência humana de querer apropriar-se de parte da natureza. Ela está aí, mas queremos para nós, para nosso domínio...
Mas há muitos outros elementos...