sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Palavras estranhas palavras



Jorge Luiz Bledow

                        Aprendíamos as vogais, as consoantes e estávamos juntando as sílabas. Dizia a professora e nós repetíamos:

             - B-A, BÁ! C-A , CÁ!

No sábado na aula de religião juntavam todas as turmas e os textos, invariavelmente, eram bíblicos. De repente me aparece: - “ e Jesus disse ao cego: abra os olhos e veja.

             Consegui soletrar uma palavra: -C-E-G-O,  e li solenemente – QEJO!

             D’outra feita, ao fazer um relatório sobre equipamentos portuários e afins, me aparece a palavra “cabeço”. Estranha para minha até então, cabeço é aquela “cabeça” de ferro fundido nos portos e atracadouros, onde se amarra os barcos e navios.

             Vejo a palavra e analiso a sua origem. Muitas vezes me surpreendo(não deveria) com a raiz. Bandido, vem de bando. Claro, é lógico, mas me causou estranheza.

            Na aula de inglês, pergunto:

 - Y é vogal ou consoante!

- Então tu não sabes que as vogais são cinco a, é, í, ó, ú!, repreende a professora.

Bom isso foi antes da última(ou penúltima) reforma ortográfica, quando nosso alfabeto tinha somente 26 letras. Hoje são 29, com a inclusão do K, W e Y, que, aliás, eram usadas principalmente em unidades de medidas e até em nomes próprios de pessoas, porém, não faziam parte do nosso alfabeto oficial.

Virá um dia em que o C e o Q se fundirão, o S terá sempre som de SS(dois ésses), o Z som de Z, de um S. Não precisaremos mais usar o Ç. Ou será que continuaremos com a necessidade de diferenciar conserto de concerto? E por quê cueca, não pode ser queqa? Porque vem do radical?

Vou ser sincero e dizer que eu prefiro escrever lingüiça, à linguiça, e porque não: linguisa!

 Aí, aí, aí! Isso dá nó nas tripas.

A crase será sempre uma dúvida. O porquê, dos porques, não sei por quê? Deve ser por que me atormentam. Os “ex”, “exc”, “esc”, “esx” e outros “ex”, nem sei se todos existem na nossa linguagem escrita, sempre me complicam. Acho até que é por isso, para complicar, que continuam apesar das reformas gramaticais.

Ainda não me acostumei com a ideia, prefiro idéia, assembléia(no futuro será asembléia?). A palavra joia deixou de ser uma “jóia” rara para mim. Mas deixemos de lado que isso já é paranoia!

 Aprendi esta semana, que ensinar significa iluminar, destacar as palavras e seus significados dentre as outras. È isso, e muito mais, que fazem os professores.

E na linguagem falada, o que dizer da interrogação que só está no final da frase? Aí temos que construir períodos curtos e entender pela entonação. E quem lê? Quantas vezes temos que reler para entender a colocação, o significado? Imagine quem está aprendendo a nossa língua.

 Por quê dançar, não pode ser dansar? E casa não pode ser caza. Caça seria casa!

 Não dirão alguns, em brado forte e varonil, definitivamente BRASIL nunca será  BRAZIL!

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