Jorge Luiz Bledow
Aprendíamos as vogais, as consoantes e estávamos juntando as sílabas. Dizia a professora e nós repetíamos:
No sábado na aula de religião juntavam todas as turmas e os textos, invariavelmente, eram bíblicos. De repente me aparece: - “ e Jesus disse ao cego: abra os olhos e veja.
Consegui soletrar uma palavra: -C-E-G-O, e li solenemente – QEJO!
- Então tu não sabes que as vogais são cinco a, é, í, ó, ú!, repreende a professora.
Bom isso foi antes da última(ou penúltima) reforma ortográfica, quando nosso alfabeto tinha somente 26 letras. Hoje são 29, com a inclusão do K, W e Y, que, aliás, eram usadas principalmente em unidades de medidas e até em nomes próprios de pessoas, porém, não faziam parte do nosso alfabeto oficial.
Virá um dia em que o C e o Q se fundirão, o S terá sempre som de SS(dois ésses), o Z som de Z, de um S. Não precisaremos mais usar o Ç. Ou será que continuaremos com a necessidade de diferenciar conserto de concerto? E por quê cueca, não pode ser queqa? Porque vem do radical?
Vou ser sincero e dizer que eu prefiro escrever lingüiça, à linguiça, e porque não: linguisa!
Aí, aí, aí! Isso dá nó nas tripas.
A crase será sempre uma dúvida. O porquê, dos porques, não sei por quê? Deve ser por que me atormentam. Os “ex”, “exc”, “esc”, “esx” e outros “ex”, nem sei se todos existem na nossa linguagem escrita, sempre me complicam. Acho até que é por isso, para complicar, que continuam apesar das reformas gramaticais.
Ainda não me acostumei com a ideia, prefiro idéia, assembléia(no futuro será asembléia?). A palavra joia deixou de ser uma “jóia” rara para mim. Mas deixemos de lado que isso já é paranoia!
E na linguagem falada, o que dizer da interrogação que só está no final da frase? Aí temos que construir períodos curtos e entender pela entonação. E quem lê? Quantas vezes temos que reler para entender a colocação, o significado? Imagine quem está aprendendo a nossa língua.
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