sexta-feira, 7 de maio de 2010

Torneio varzeano


Memoráveis torneios de futebol aconteciam no interior de Três Passos na década de 70. Começavam às 10 horas de domingo e terminavam ao cair do sol. Muitas vezes mais de 20 equipes participavam, entre times principais e aspirantes, ou, por outra, time “A” e time “B”.

No campo principal jogava-se às partidas propriamente ditas, sempre eliminatórias, o famoso mata-mata, e com direito à repescagem dos perdedores. Dois tempos de cinco minutos e se desempatava nos pênaltis. Para esta decisão havia uma goleira específica, ao lado do campo, enquanto os próximos a jogar entravam em campo. Ao meio dia dava-se um intervalo para o churrasco de costela, pão, farinha e maionese. E uma cervejinha.

Neste dia o torneio era na sede do Corinthians da localidade de Alta União. Participavam o São José, o Botafogo, o Inter, o Colorado, o Passa Fundo, o Faixa Azul, o Sol de América, os Inocentes, o Guarani, o Paladino, o Vera Cruz, o Juventude, o Palmeiras, o Santos, o Flamengo, o Fluminense, o Democratas, o Glória, o Bananeiras entre outros.

Eu jogava no time “B”, de ponteiro direito, posição esta que hoje nem se usa mais. O torneio começou pelos excretes principais e o nosso time, o São José “A” perdeu de cara nos pênaltis, foi para repescagem e também perdeu. Tudo indicava que cedo iríamos para casa.

Quando chegou a vez do time “B” foi diferente. O goleiro adversário, se não me falha a memória eram donos da casa, do Corinthians, rolou a bola para o lateral esquerdo. Eu, guri novo, apertei o adversário, roubei a bola, escapei pela ponta sozinho, meu time estava recuado, entrei na área cara a cara com o goleiro e meti rasteira no canto. Um a zero para nós. Um dos poucos gols com a bola rolando até então no torneio.

Mais alguns minutos termina o jogo. Passamos para outra fase. Como o time “A” estava fora, resolveram reforçar o time “B” com os titulares. Sobrou para mim e para mais alguns que perderam a vaga. Era uma manobra ilegal, mas como não se fazia inscrição de atletas e havia muita gente ninguém percebeu.

Para resumir a estória, a esquadra “B” sagrou-se campeã nesta modalidade. Sendo assim nosso time jogou até o entardecer. Como havia um prêmio em dinheiro houve muita comemoração. De repente o goleiro do time se lembrou de que foram poucos os gols com bola rolando e um deles fora eu quem fizera.

- Vamos jogar para o alto este guri, ponteiro direito cruzador, que roubou a bola e marcou um gol na primeira partida. Foi o principal jogador do torneio.

Todas as decisões, inclusive a final, foram nos pênaltis. Coisa mais sem graça.

- Também! Sacaram logo o ponteiro!

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