Pergunto – Como está o telhado?
- Só falta a “cunheira”, recebo como resposta.
Aprecio a linguagem popular. Gosto de ouvir estas coisas. Apesar de saber que o certo é cumeeira, todo mundo fala “cunheira”. Parece mais autêntico. Mais real. Já viram coisa mais falsa, mais artificial, do que a expressão “debalde”? Quero dizer “debalde”, assim uma só palavra no sentido de em vão, inutilmente. Não “de balde”, separado, no sentido de quem vai à cacimba buscar água.
Aí começa, neste duplo sentido, uma pequena confusão. E não é só nessas expressões que a dúvida se instaura, mas principalmente na linguagem falada nas ruas. Há inúmeros casos de dúbia percepção. Quando o texto é escrito, fica mais fácil esclarecer, além de, em geral, termos a opção de irmos ao “amansa-burros”.
Não sou lingüista e nem tenho pretensões neste sentido, observo, no entanto, escritores e cronistas usarem cada vez mais expressões da rua. Todo mundo quer ser entendido e aí nada mais natural do que se lançar mão da linguagem popular. As expressões correntes, as gírias, o coloquial.
No jornal Zero Hora, de Porto Alegre, na edição de 15/10/2005, a escritora e cronista, Cláudia Laitano, que tem sua coluna aos sábados na página 3, vai desfolhando com sabedoria, aliás, este é o título da crônica, usando uma linguagem muito leve. Lá pelas tantas ela diz: “quem sabe comer um sorvete”.
Gostei demais desta expressão, pois é assim que se fala no dia-a-dia. Quando aparece alguém falando “tomar um sorvete”, sempre se tem a idéia de “metida à chique”, nariz empinado, ou pessoa deste tipo. Comigo a escritora ganhou pontos neste caso. Sim claro, ela escreve uma coluna para jornal. Algo bem cotidiano e, portanto, o espaço pede uma linguagem de fácil compreensão.
Há anos, chegando na capital, eu sou do interior, estranhei um pouco do jeito que se falava por aqui. Aos poucos fui aprendendo e aderindo. Os habitantes daqui estranharam mais o meu jeito de falar. Cheio de expressões “coloniais” típicas.
Entre os significados estranhos ou engraçados que ouço está aquela de “se pisar”, com significado de se machucar, ferir. Pisar o tornozelo no futebol, até que vai, mas pisar o supercílio? Não consigo usar este significado de “pisar”. Teve outra vez que vi, além de ouvir, alguém falando – chupar uma melancia – engraçado imaginar isto, não é?
Dentre as muitas expressões que “truxe”, esse é feio e não aconselho, está o tropicar. Muitas ainda conservo e nem faço questão de trocar. São para mim como herança, como identidade. Já não “tropico”, mas ainda tropeço nas palavras.
E assim acolherando as letrinhas, vou finalizando esta página, quer dizer “fazendo a cunheira!”.
- Só falta a “cunheira”, recebo como resposta.
Aprecio a linguagem popular. Gosto de ouvir estas coisas. Apesar de saber que o certo é cumeeira, todo mundo fala “cunheira”. Parece mais autêntico. Mais real. Já viram coisa mais falsa, mais artificial, do que a expressão “debalde”? Quero dizer “debalde”, assim uma só palavra no sentido de em vão, inutilmente. Não “de balde”, separado, no sentido de quem vai à cacimba buscar água.
Aí começa, neste duplo sentido, uma pequena confusão. E não é só nessas expressões que a dúvida se instaura, mas principalmente na linguagem falada nas ruas. Há inúmeros casos de dúbia percepção. Quando o texto é escrito, fica mais fácil esclarecer, além de, em geral, termos a opção de irmos ao “amansa-burros”.
Não sou lingüista e nem tenho pretensões neste sentido, observo, no entanto, escritores e cronistas usarem cada vez mais expressões da rua. Todo mundo quer ser entendido e aí nada mais natural do que se lançar mão da linguagem popular. As expressões correntes, as gírias, o coloquial.
No jornal Zero Hora, de Porto Alegre, na edição de 15/10/2005, a escritora e cronista, Cláudia Laitano, que tem sua coluna aos sábados na página 3, vai desfolhando com sabedoria, aliás, este é o título da crônica, usando uma linguagem muito leve. Lá pelas tantas ela diz: “quem sabe comer um sorvete”.
Gostei demais desta expressão, pois é assim que se fala no dia-a-dia. Quando aparece alguém falando “tomar um sorvete”, sempre se tem a idéia de “metida à chique”, nariz empinado, ou pessoa deste tipo. Comigo a escritora ganhou pontos neste caso. Sim claro, ela escreve uma coluna para jornal. Algo bem cotidiano e, portanto, o espaço pede uma linguagem de fácil compreensão.
Há anos, chegando na capital, eu sou do interior, estranhei um pouco do jeito que se falava por aqui. Aos poucos fui aprendendo e aderindo. Os habitantes daqui estranharam mais o meu jeito de falar. Cheio de expressões “coloniais” típicas.
Entre os significados estranhos ou engraçados que ouço está aquela de “se pisar”, com significado de se machucar, ferir. Pisar o tornozelo no futebol, até que vai, mas pisar o supercílio? Não consigo usar este significado de “pisar”. Teve outra vez que vi, além de ouvir, alguém falando – chupar uma melancia – engraçado imaginar isto, não é?
Dentre as muitas expressões que “truxe”, esse é feio e não aconselho, está o tropicar. Muitas ainda conservo e nem faço questão de trocar. São para mim como herança, como identidade. Já não “tropico”, mas ainda tropeço nas palavras.
E assim acolherando as letrinhas, vou finalizando esta página, quer dizer “fazendo a cunheira!”.
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