De certa forma estamos assim no Brasil político nas últimas décadas, claro que com uma certa forçação de barra e simplificação extrema. Na maioria das vezes não faz sentido falar em esquerda ou direita. Melhor seria olhar pela lente do social e do liberal. Mas estamos estrábicos, sectários. Não ouvimos o que o outro tem a dizer.
Não é fácil separar, isso prá lá, isso prá cá,
visto que tanto em um governo com tendências socializantes, quanto em um
governo que tende a uma economia neo-liberal, podem vir escondidos no embrulho
desses programas, na prática e no discurso, o populismo e o nacionalismo
extremados. Ambos os programas, se é que há programas, eu refuto tacanhos,
atrasados e prejudiciais ao desenvolvimento econômico e social da nação. Pior é
o populismo, disfarçado, tem um discurso fácil, cativante até, mas que não vai
a lugar algum, ou melhor, tende a piorar a situação econômica, política e social,
vide Venezuela e outros
países.
No Brasil, cambiamos, entre tendências de esquerda e de direita, muitas vezes
não tão bem definidas, mas, vistas de longe, alguns anos após, temos como identificar
possíveis rumos. Com o tempo a história tende a decantar e mostrar o essencial
que sobrou. Quem está no incêndio precisa salvar a pele. Para apagar o incêndio os bombeiros analisam
de fora.
Aí vai uma simplificação, sujeita a revisões.
Getúlio se suicidou em 1954, Juscelino ganhou as eleições, assumiu em 1955.
Direita!
Jânio Quadros assume em 1961, renuncia alguns meses depois. Assumiu o
vice João Goulart. Esquerda!
Golpe em 31 de março de 1964. Os militares assumem o poder em Brasília e
o Marechal Humberto de Castelo Branco coloca a faixa. Direita!
Mais de 20 anos no poder. Eleições indiretas em 1985, Tancredo Neves se
elege, morre antes de assumir. Assume o vice que é do PMDB. Daí a coisa fica
osca. Qual o pelo? O Sarney seria de Esquerda? Lá no fundo das minhas lembranças
ecoa: - Esquerdo! Direito! Um! Dois! Esquerda? Direita?
Eleições em 1989. Fernando Collor vence. É destituído. Assume o vice Itamar
Franco. Mineiro. Esquerda? Direita?
Eleições em 1993, vence Fernando Henrique Cardoso
do
PSDB,
se
reelege e fica oito anos no poder. Esquerda? Direita? – Esquerda azul!
Em 2002 O PT ganha às eleições com Lula. Ou melhor: Lulinha paz e amor!
Esquerda! Sem dúvidas.
Lula comanda o país por oito anos. Reelege Dilma Rousseff que se
re-reelege. Esquerda! Comandada por Lula, sem dúvidas.
A partir de 1964 são 20 anos de ditadura: Direita! Um intervalo de 17 anos
de: Esquerda! Direita! E agora 16 anos, se Dilma
cumprir o mandato: Esquerda!
Com a nova constituição de 1988, e os governos
de esquerda na sequência, à direita, ficou estigmatizada, mal vista e mal
falada. A moda era ser de esquerda, fosse o que fosse, representasse o que
representasse. Vinte e tantos anos de ditadura prejudicaram qualquer tentativa
do liberalismo econômico ser aceito, sempre taxado como de direita, conservador e reacionário. Ninguém analisa, já põe a etiqueta, a faixa na
testa: Direita!
Sabemos que não é bem assim. Imputar à direita à xenofobia, homofobia, taxar
de facista, é forçar a barra. Por outro lado, dizer que a esquerda prepara o terreno
para o comunismo, também é exagerado.
Em todos os casos podemos ter gradações menos ou mais cristalinas. Com
tendências claras e robustas, ou até maquiadas e afetadas pelo populismo, por
exemplo.
Agora, na sucessão do PT, estamos em um campo politicamente indefinido. Não
se vê claramente o que vai acontecer. E a política dita à economia, com certeza. E para nossa insegurança não vejo
ninguém, nem nome, nem partido, nem ideias de como sair do atoleiro em que nos
meteram.
Pior ainda, quem está se fardando para entrar em campo, é um partido que
não se define. È uma frente confusa, que prioritariamente, pensa em cargos no
governo. Nos ministérios. Faz tempo que essa gente não larga o osso.
O PMDB definitivamente não serve para tirar o Brasil dessa inhaca!
LUcidas suas colocações.
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